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Moro e Dallagnol, heróis de areia, mas tão iguais a todos nós...


Por Raimundo de Holanda

10/06/2019 23h42 — em
Bastidores da Política



Depois que o WhatsApp anunciou em maio que havia uma falha na segurança do aplicativo e que um software espião pode  ter tido acesso aos dados dos usuários, ficou a suspeita de que o mundo vê o que se fala, mesmo na intimidade. E de repente vem a informação de que  hackers  copiaram chats de outro aplicativo, o Telegram, nos quais procuradores e o ex-juiz Sérgio Moro  combinam como “pegar” Lula, empresários e membros do Congresso. Mais uma vez ficou claro que o sistema   que cifra a escrita, tornando-a supostamente ininteligível  dos dois aplicativos foi “para o buraco”, expondo segredos que não podiam ser revelados porque exprimem nosso lado comum e mau, conspirador e perverso, falso e libertino.Cifrar a escrita, torná-la ininteligível foi um grande esforço. Mas para nada?

Foto  ilustração  deste texto foi extraída do site culturamix,

Sim, porque agora todos parecemos iguais, com nossos segredos expostos - de juizes a procuradores, de empresários a jornalistas, de  mulheres acesas a maridos adúlteros, de clérigos imperfeitos a políticos corruptos. De repente é revelado tudo o que sabíamos, mas não queiramos admitir: não há santos nesse circo chamado Brasil.

RELAÇÕES PROMÍSCUAS

A promiscuidade é uma prática pecaminosa que se mistura de forma desordenada com outras condutas amorais e libertinas. O termo foi usado ontem pelo Conselho Federal da OIAB para definir a relação entre o ministro Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, na Lava Jato.

As conversas vazadas dessa relação para o site americano The Intercept, fere de morte a maior operação de combate à corrupção política no país e coloca em cheque a moralidade da justiça.

Não se pode negar a prática criminosa de desvio de recursos públicos no governo e seu entorno político e econômico, desvendada durante as investigações e ações criminais.

Porém, se confirmada, a forma tendenciosa de intervir mancha a ação judiciária. Da mesma forma que a continuidade do ex-juiz no Ministério da Justiça colocaria em descrédito o governo Bolsonaro.

Moro e Dallagnol precisam esclarecer os fatos, assim como a própria justiça tem obrigação de identificar e punir os criminosos virtuais. Ou descriminalizar a insegurança do mundo virtual.

 

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ASSUNTOS: Dallagnol, justiça-federal, Lava Jato, lula, MPF, sergio moro

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.