O governador Wilson Lima erra ao ameaçar processar os deputados que acusam seu governo de perseguição política. Erra porque seu dever, seria, primeiro, mandar apurar a denúncia. Que pode ter procedência pelo fato de o Estado ser uma máquina poderosa, com variados interesses. Não  seria surpresa se a inteligência do governo agisse, como alegam os parlamentares, ao arrepio da lei, o que não significa que o governador compactue com qualquer irregularidade.  Mas colocar a mão no fogo por colaboradores acusados de usar os instrumentos de inteligência a serviço de interesses que não os previstos em Lei, é um risco alto de queimadura.

O governador, por ser jovem, talvez não tenha medido a dimensão do poder do estado e as tentações daqueles que controlam órgãos poderosos, ou deles fazem uso.

Wilson poderia seguir o exemplo do Conselho Nacional do Ministério Público, que vez por outra faz um  pente fino nos equipamentos de escuta adquiridos pelos Mps estaduais para verificar como os equipamentos vem sendo utilizados . A ideia é prevenir abusos. Faz o mínimo do mínimo, mas faz.

O governador pode fazer o mesmo, não para satisfazer os parlamentares, mas para mostrar à sociedade que seu governo não escuta seus cidadãos, não persegue, não tripudia, não contempla interesses que não os republicanos.

O que o Wilson não pode é correr riscos. Risco de ser acusado por irregularidades que estejam ou venham a ser praticadas por integrantes de seu governo.

E a história está cheia de exemplos. Getúlio Vargas não mandou Gregório Fortunato (chefe da sua guarda pessoal) atirar em Carlos Lacerda, mas esse episódio foi sua ruína.

Nixon não mandou membros do Comitê de sua campanha à reeleição  invadir a sede do Partido Democrata em Washington. Mas esse caso resultou em sua renúncia. Quer dizer, um governante não sabe tudo o que acontece na periferia e no centro do governo. Que Wilson tenha isso como lição.