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Você vai pra rua dar apoio a Moro? Não vá! Entenda...


Por Raimundo de Holanda

26/06/2019 19h10 — em
Bastidores da Política



O ministro Sérgio Moro, ao depor em comissão do Senado há duas semanas, sugeriu que suas ações como juiz da Lava Jato fossem submetidas a escrutínio popular.  Com a declaração incentivou manifestações marcadas para o próximo domingo.  Quando um ministro da Justiça e ex-juiz renomado sugere que as ruas digam se ele foi  imparcial ou não na condução dos processos da Lava Jato é porque as leis não tem nenhum valor. Mas as ruas, quando falam acima da lei, sinalizam enfraquecimento do Estado e  anulam a autoridade desse mesmo Estado que o ministro representa.

Seja qual o for o resultado da manifestação de domingo - com centenas ou milhões de manifestantes - não é Moro que sairá fortalecido. É o Estado brasileiro que sairá menor, é a autoridade do ministro que se apequenará, são as instituições que se quedarão a apelos populares contaminados pela desinformação.

Mais do que as outras manifestações já realizadas - pelas diretas ou de  apoio a  governos ou contra, a de domingo, em defesa de Moro, representará um marco na história do país, pois envolve o escrutínio de ações não republicanas de um  juiz sob suspeita. E cabe a Lei, não as ruas, dizer se ele deve ser punido ou não, exaltado ou não, cantado em verso e prosa ou não.

Que Deus salve o Brasil e suas instituições depois de domingo…

MALDADES DE

BOLSONARO

COM MANAUS

A vinda do presidente Jair Bolsonaro para a reunião do CAS da Suframa não nos infunde a confiança desejada. Seu governo não tem boas referências em relação à ZFM. Ao contrário, tem sido uma Caixa de Pandora com a tampa sem trinco.

Em quase seis meses de  governo temos enfrentado todo tipo de maldades. A maior delas talvez seja o abandono a que nos relegou, depois de quatro anos e dois governos tumultuados.

O próprio CAS, o conselho que define novos rumos e investimentos no PIM, está paralisado. Deveria fazer sua terceira reunião, mas espera Bolsonaro vir para respirar, ou sufocar de vez.

Nunca se sabe o que ele pode dizer, nem prever o que ele irá dizer. Ou se vai cumprir o que diz. Sua retórica é confusa e suas ações mais ainda. Em seis meses ainda não ajustou o tom.

Por isso, da boca de Bolsonaro pode não sair a esperança que queremos. Assim como na caixa mágica de Pandora, a esperança para a Zona Franca parece ter ficado presa em sua boca.

Anteontem mesmo ele viajou para o Japão, onde participará da cúpula de líderes do G-20. Foi  com a intenção de negociar a “exploração da Amazônia”, que para ele, a ZFM só atrapalha.

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ASSUNTOS: Bolsonaro, Lava Jato, lula, Moro, STF, The Intercept

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.