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Investimentos estrangeiros no Brasil recuam por causa de tensões eleitorais

Por Agência O Globo

16/10/2018 11h58 — em
Economia



GENEBRA — O Brasil foi o país da América do Sul que mais sofreu com a queda de Investimento Estrangeiro Direto (IED). De acordo com a Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), no primeiro semestre de 2018, o país registrou uma queda de 22% no IED, tendo recebido US$ 25,5 bilhões. Em igual período do ano anterior, os investidores injetaram US$ 32,4 bilhões no Brasil. O recuo foi motivado, principalmente, por incertezas e tensões ligadas ao período eleitoral, indica o relatório.

Os números da Unctad também mostram que o IED global caiu 41%, para US$ 470 bilhões nos primeiros seis meses deste ano, o menor nível desde 2005. A reforma tributária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi a principal causa da queda, que se seguiu a um recuo de 23% em 2017, com empresas americanas repatriando US$ 217 bilhões líquidos de subsidiárias no exterior, disse o chefe de investimentos da Unctad, James Zhan.

— O fluxo de investimentos está mais guiado por política monetária e menos por ciclos econômicos — afirmou Zhan, citando a reforma tributária nos EUA e a liberalização econômica da China. — No geral, o cenário é sombrio e as perspectivas não são tão otimistas — projetou.

O IED, que compreende aquisições corporativas estrangeiras, empréstimos intra-empresa e investimentos em projetos de startups no exterior, é um indicador da globalização e um possível sinal de crescimento das cadeias de oferta corporativas e futuros laços comerciais.

— Se houver falta de investimento estrangeiro para a expansão das cadeias de valor, é claro que isso terá impacto nas cadeias de valor globais e, portanto, no comércio global — declarou Zhan. — É difícil dizer se estamos em um ponto de virada (na globalização) ou se isso é apenas uma desaceleração.

Como as empresas americanas tiraram dinheiro de seus investimentos no primeiro semestre do ano, a China se tornou o principal destino de IED, com uma injeção de US$ 70 bilhões, o que representou aumento de 6%.

Queda de investimento nos desenvolvidos

Países em desenvolvimento atraíram duas vezes mais investimentos estrangeiros do que países desenvolvidos, de modo geral. O fluxo para a Europa recuou 93%, influenciado pela Irlanda (base europeia de um grande número de multinacionais americanas), ficando negativo em US$ 81 bilhões, e a Suíça vendo saída de US$ 77 bilhões.

Mas o Reino Unido saltou para o segundo lugar no ranking global, com fluxo de US$ 66 bilhões, com empresas internacionais transferindo recursos por meio de empréstimos intra-empresas, revertendo a relativa "seca" de 2017.

Os EUA foram o terceiro principal destino, com US$ 36,5 bilhões.


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