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Argentina levará médicos às buscas após desmentir mortes em submarino

Por Portal Do Holanda

23/11/2017 22h09 — em
Mundo


Porta-voz da Marinha, Enrique Balbi fala com a imprensa - La Nación/GDA

BUENOS AIRES - Em meio a um clima de crescente indignação entre familiares dos 44 tripulantes do submarino ARA San Juan, o porta-voz da Marinha argentina, Enrique Balbi, destacou na noite desta quinta-feira que as autoridades militares estão fazendo “o humanamente possível, num esforço nacional e internacional de muita magnitude”. Balbi pediu, em nome da Marinha, que todos os meios de comunicação evitem cometer “imprecisões que afetam diretamente as famílias que vivem uma situação lógica de estresse agudo”. De acordo com a Marinha, serão enviados dois médicos numa cápsula submarina equipada para retirar 16 tripulantes de uma vez só.

— Este é um momento crítico, os entendemos (aos familiares), os acompanhamos na preocupação, na incerteza, mas a Marinha está fazendo o humanamente possível. Estamos fazendo um esforço nacional e internacional de muita magnitude — declarou o porta-voz da Marinha argentina, em sua última coletiva do dia.

Balbi reiterou a confirmação de uma explosão relacionada ao submarino, mas evitou falar sobre as consequencias do acidente e, sobretudo, a possibilidade de sobrevida dos tripulantes.

— Até não ter evidência certa sobre onde está o submarino não podemos dar uma informação contundente. O esforço naval e aeronaval continua. Não temos ainda indício sobre a localização do submarino e não podemos afirmar outra coisa.

 

— Até não ter evidência certa sobre onde está o submarino não podemos dar uma informação contundente. O esforço naval e aeronaval continua. Não temos ainda indício sobre a localização do submarino e não podemos afirmar outra coisa.

'EMBARCAÇÃO ESTAVA EM CONDIÇÕES'

Segundo ele, nesta quinta-feira “o clima não foi tão adverso como se esperava” e as operações de buscam puderam ser realizadas, contando com a participação de mais de 12 países. Um avião da Força Aérea brasileira está cumprindo uma das missões mais importantes no mapeamento da região de 500 mil quilômetros quadrados onde poderia estar o submarino.

— Em nome da Marinha e do Ministério da Defesa, com quem trabalhamos em conjunto, fazemos um pedido de colaboração sobre a precisão da informação. As imprecisões das informações afetam diretamente as famílias que vivem situação lógica de estresse agudo — disse Balbi.

O porta-voz também desmentiu versões sobre problemas de manutenção do ARA San Juan:

— Nenhuma unidade da Marinha é usada sem condições de total segurança. A antiguidade (o submarino foi construído em 1983) não implica que esteja obsoleto.

Balbi também negou que a Marinha tenha demorado em iniciar as buscas, como denunciaram alguns familiares.

— Foi cumprido o plano de busca e resgate do submarino em tempo e forma.

A área de buscas foi reduzida somente após a localização de um ponto específico onde ocorreu a explosão do dia 15. A anomalia fora detectada por microfones subaquáticos posicionados no mar no continente africano.

Mais cedo, o porta-voz da Marinha destacou que os relatórios sobre a anomalia hidroacústica enviados pelos Estados Unidos e pelo embaixador da Argentina na Áustria apontam a mesma região — e por isso a Marinha determinou que tratou-se da mesma anormalidade, não relacionada a provas nucleares.

— A informação (dada pelo embaixador) coincide com outro indício que tínhamos na quarta-feira. Concretamente, se recebeu uma informação sobre um evento anômalo singular, curto, violento e não nuclear consistente com uma explosão — explicou o porta-voz.

O pai do tenente de corveta Alejandro Damián Tagliapietra, um dos tripulantes, relatou que todos os 44 ocupantes estão mortos. Segundo ele, há infomações que acabam com quaisquer esperança de achar sobreviventes, mas que ainda não teriam sido divulgadas oficialmente:

— Sim, cem por cento — disse às lágrimas Luis Tagliapietra, questionado sobre a possibilidade de que todos os tripulantes estejam mortos. — O chefe do meu filho me confirmou que todos estão mortos porque a explosão ocorreu entre os 200 e os 1.000 metros de profundidade há oito dias. Não há ser humano que sobreviva a isso.

Segundo Tagliapietra, a Marinha ainda confirmará a informação oficialmente, apesar de não admiti-la.

— Fiquei viúva com um bebê de 11 meses — afirmou uma desamparada Jessica Gopar, mulher do tripulante Fernando Santilli. — Não voltaram e não vão voltar nunca mais. E não sei se seus corpos vão voltar, isto é o que mais me machuca, porque não sei se poderei levar flores.

Alguns familiares dos 44 tripulantes saíram da base naval de Mar del Plata furiosos com a Marinha argentina, após o boletim mais recente divulgado pela Força Naval. Em declarações a meios de comunicação, a mulher de um tripulante disse que a Marinha informou às famílias que o submarino estaria a 3 mil metros de profundidade.

— São uns mentirosos, desgraçados e perversos. Por que não nos disseram antes! Como não vão saber que tinha ocorrido uma explosão — declarou Itati Leguizamón, esposa de um tripulante.

Segundo ela, "se era uma falha leve porque agora falam em explosão? Mentiram para nós".

— Estamos todos indignados... este submarino teve problemas em 2014, nunca deveria ter navegado — contou Itatí.

 

ENTENDA O CASO

O submarino deveria ter chegado entre domingo e segunda-feira ao porto de Mar del Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires após sair de Ushuaia. Por não ter sido localizado na rota que deveria seguir, considera-se praticamente descartado que a embarcação tenha mantido a possibilidade de propulsão.

O ARA San Juan é um dos três submarinos da Marinha argentina, que o incorporou em 1985. Ele foi lançado ao mar em 1983. Com 65 metros de comprimento e sete metros de largura, a embarcação é de propulsão a diesel elétrica convencional. Entre 2007 e 2014 esteve em manutenção para estender sua vida útil por 30 anos.

Enquanto cresce a aflição das autoridades e, sobretudo, das famílias dos tripulantes, as operações de busca realizadas por aviões e navios contam com extensa ajuda internacional. Mais de 12 países participam das tentativas de resgate, numa área de 500 mil quilômetros quadrados.

O governo brasileiro informou por comunicado que mobilizou três embarcações e que sua Força Aérea colabora, com duas aeronaves de patrulha e resgate. Um mini-submarino dos Estados Unidos chegou no último domingo à Argentina, onde será usado para uma eventual operação de resgate do submarino argentino, na qual também participará um buque da petroleira francesa Total.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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