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Cinco pessoas são mortas, incluindo um bebê, em série de ataques do governo da Nicarágua

Por Agência O Globo

26/06/2018 10h25 — em
Mundo



MANÁGUA — Pelo menos cinco pessoas morreram, incluindo um bebê de 15 meses, em vários ataques simultâneos de forças do governo do presidente Daniel Ortega em bairros da capital, Manágua, e na principal universidade da Nicarágua. Segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) — que contabiliza 200 mortos em pouco mais de dois meses de protestos no país — o número pode aumentar. “O governo de Ortega continua reprimindo e assassinando jovens”, tuitou o Cenidh.

Desde a meia-noite, forças policiais e paramilitares fortemente armados atacaram em pelo menos seis distritos do leste da capital e no campus da Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (Unan), onde dezenas de estudantes permanecem entrincheirados. Dois jovens morreram na zona universitária, enquanto outros 15 ficaram feridos, segundo a organização.

O bebê, por sua vez, morreu no colo da mãe, quando forças policiais invadiram um bairro no leste da capital para remover barricadas, de acordo com a família.

— Foi um tiro da polícia. Eu vi os policiais, ninguém me disse — disse a mãe do menino, Quênia Navarrete, ao canal 100% Noticias.

O site oficial do governo, Digital 19, por sua vez, afirmou que “criminosos que operam no setor da Universidade Politécnica (UPOLI)” atiraram contra a criança.

“Reiteramos o nosso apelo para a cessação imediata de todas as formas de violência e repressão. O povo da Nicarágua merece uma chance para a paz”, tuitou o secretário-Geral da OEA, Luis Almagro, depois de condenar a morte da criança e dos jovens na Unan.

“Estão nos atacando desde 1h da manhã, há atiradores de elite também. Estamos nas barricadas porque estão atirando para matar, temos 14 feridos e dois mortos”, disse um jovem com o rosto coberto por um lenço, em uma transmissão ao vivo no Facebook onde se vê uma trincheira com outros jovens.

De acordo com o secretário da Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPD), Álvaro Leiva, ataques à Unan estão ligados à chamada Marcha de flores, convocada por grupos da sociedade civil para a tarde deste sábado em memória das vítimas da violência.

— A mensagem é semear o terror nos cidadãos. Isso viola os direitos das pessoas de protestar civicamente — disse Leiva.

A Conferência Episcopal da Nicarágua (CNE) anunciou que vai enviar uma comitiva de sacerdotes para verificar a situação e pressionar pelo fim dos ataques. Da transmissão pelo celular do grupo de estudantes eram ouvidos os disparos de armas de fogo. “Nós não vamos nos render”, gritavam outros jovens com os rostos escondidos.

"A luta continua. Este governo não pode contra nós. Vá embora, o povo não os quer", afirmou o mesmo jovem que fez a transmissão ao vivo.

Os protestos começaram em 18 de abril contra uma reforma do sistema de seguro social, mas foram estendidas para exigir justiça pelas mortes e a saída do poder de Ortega, a quem acusam de estabelecer, junto com sua esposa Rosario Murillo, um governo autocrático.


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