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Tarcísio e Caiado dizem que Bolsonaro é maior líder do país, criticam Lula e atacam polarização

Por Folha de São Paulo

22/04/2024 18h00 — em
Política



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), concordaram na avaliação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é o maior líder político do país atualmente e criticaram o governo Lula (PT) e a polarização durante evento nesta segunda-feira (22).

Apontados como possíveis nomes do campo bolsonarista para a eleição presidencial de 2026, Tarcísio e Caiado exaltaram Bolsonaro ao serem indagados sobre o tema pelo jornalista William Waack, mediador de um dos debates de um seminário promovido pelo grupo Esfera na capital paulista.

Ambos elogiaram a capacidade de mobilização do ex-presidente, citando as manifestações que ele convocou em São Paulo em fevereiro e no Rio de Janeiro neste domingo (21), nas quais houve pedidos de anistia para os réus do 8 de janeiro e ataques ao Judiciário.

"Ninguém consegue arrastar multidão, ninguém tem tanto carisma, ninguém consegue arrastar tantas pessoas, ninguém consegue estabelecer um movimento como Jair Bolsonaro conseguiu", disse Tarcísio, que foi ministro do ex-presidente.

O governador de São Paulo afirmou ainda que Bolsonaro "é um cara que tem que ser estudado, é um fenômeno e é o maior líder político brasileiro". O ex-presidente está inelegível, mas articula um projeto político para impulsionar a direita no pleito municipal deste ano de olho em 2026.

Caiado, que lembrou ter uma trajetória de décadas na política, disse que a maior liderança que já presenciou em atuação foi, "indiscutivelmente", Bolsonaro. "Ninguém teve a capacidade de fazer como Bolsonaro consegue, em levar, mesmo sem ter o direito aos seus futuros mandatos, ser candidato, neste momento, e como ex-presidente da República, fazer o que nós assistimos na Paulista, fazer ontem [domingo] em Copacabana."

No palco, os dois governadores evitaram se colocar como aspirantes ao Planalto. Eles, no entanto, fizeram uma dobradinha para criticar o governo Lula, sobretudo na área econômica, mas também em outros temas, como a segurança pública, que foi descrita como um dos maiores problemas nacionais.

Tarcísio e Caiado demonstraram preocupação com a situação fiscal do país.

O governador de São Paulo disse que há um risco envolvendo as contas públicas que "vai drenar oportunidades do Brasil", e esse processo já está em curso, com desvantagens em comparação com outros países.

Também afirmou que o fôlego dado pela reforma da Previdência, de 2019, está se esvaindo com a fórmula de reajuste do salário mínimo.

Para ele, o governo federal "não faz o que deveria fazer em termos de redução de despesa", e o Brasil "está preso nessa armadilha de baixo crescimento", em declaração que foi aplaudida pela plateia, formada por empresários, executivos e outros agentes ligados aos universos político e econômico.

Caiado disse haver um "desastre no atual governo" no âmbito fiscal, com o país caminhando "para um processo de total descontrole", cobrou "respeito ao dinheiro público", citou o déficit de R$ 230,5 bi no primeiro ano de Lula e chamou de "uma piada" o arcabouço fiscal, que "já foi revogado no primeiro ano".

O goiano vocalizou ainda a queixa de que a União falha em colaborar com os estados, que têm responsabilidades em áreas vitais para a população, como saúde, segurança e educação, mas sofrem com caixas esvaziados.

Sem fazer referência direta a Lula, disse que "as ações precisam vir acompanhadas de resultados" e disse que um governante precisa assumir o cargo "com independência moral e intelectual, para que possa implantar aquilo que a sociedade deseja".

Os dois governadores avaliaram a polarização no país como negativa, mas consideraram que o processo é finito. "O Brasil tem muita resiliência, potência, força. Tanta força que sobrevive a esses governos ruins. Vai sobreviver ao que está acontecendo agora", disse Tarcísio, apostando em uma acomodação.

Também afirmou que o Brasil tem hoje "uma centro-direita muito mais preparada, que aprendeu com os erros" e é, segundo ele, capaz de "apontar a direção correta e colocar o Brasil num caminho de prosperidade, liberdade econômica, [apreço à] iniciativa privada e política social com mais inteligência".

Caiado disse que o presidente deveria se preocupar "apenas com o país", atuando com os governadores por "políticas de resultado" e sem "ficar no enfrentamento". "Se você ganhou uma eleição, você tem que ir é para a frente", afirmou, perguntando se um presidente é eleito "para governar ou para debater".

"A pauta do presidente não pode ser de bate-boca pra lá e pra cá. É de fazer as coisas acontecerem", pontuou, em alusão à postura de Lula. Ele caracterizou a polarização como um círculo vicioso, que a longo prazo vai prejudicar, sobretudo, a população, porque não produz resultados concretos.

Tarcísio disse que o fenômeno é deletério, mas considerou que a responsabilidade de rompê-lo não é apenas de Lula e Bolsonaro, mas de toda a sociedade e das instituições, inclusive o Supremo Tribunal Federal. "Porque a cabeça do Judiciário é o STF", justificou, sobre a corte atacada pelo bolsonarismo.

Ele evitou se aprofundar no papel que caberia ao tribunal, afirmando apenas que "está na hora de descomprimir" o ambiente político. "A gente tem que ter uma porta de saída. A gente não pode mais conviver com a pressão que existe. Está na hora de começar a ser razoável", apregoou.

"A população está cada vez mais de saco cheio, ninguém aguenta mais, e acho que ela vai dar o tom. Tem muita gente incomodada com o que está acontecendo em várias esferas", disse Tarcísio, insistindo em medidas como corte de gastos públicos e medidas de incentivo ao empresariado.


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