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Conselho de patrimônio aprova demolição de vila próxima do Ibirapuera, em São Paulo

Por Folha de São Paulo

25/04/2024 20h30 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Conpresp (conselho municipal de patrimônio de São Paulo) aprovou a demolição de quase 26 imóveis na região do parque Ibirapuera, na zona sul da capital.

A decisão, tomada em sessão do último dia 15, foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira (25) e confirmada pela reportagem.

Na mesma sessão, o Conpresp autorizou o tombamento de um perímetro chamado de Mancha dos Bombeiros, conhecido antigamente como Invernada dos Bombeiros e que reúne quase 200 imóveis.

A área é delimitada pela avenida Brigadeiro Luís Antônio e as ruas Tutoia, Leme, Álvaro de Menezes e Manuel da Nóbrega (na altura do 8º Batalhão de Polícia do Exército e da Base de Administração e Apoio do Ibirapuera).

Entre os imóveis cuja demolição não está vetada pelo órgão está a Vila Liscio, um conjunto com oito sobrados construído nos anos 1930 e que foi adquirido pela empresa JSTX Participações Ltda no fim de 2022.

Em maio de 2023, esses sobrados estavam em fase de demolição, mas as obras foram embargadas pela prefeitura, que considerou um pedido de tombamento feito em fevereiro do mesmo ano.

Naquela ocasião, a JSTX afirmou à reportagem que logo que tomou conhecimento do processo de tombamento suspendeu as obras.

Procurada na tarde desta quarta, a empresa não respondeu até a publicação.

A Vila Liscio fora construída pelo engenheiro Augusto Marchesini, em 1934, a pedido do empresário Luiz Liscio, na altura do número 3.500 da Brigadeiro Luís Antônio. Marchesini também projetou o Theatro São Pedro, na Barra Funda.

Outras duas áreas também tiveram o pedido de tombamento reprovado. A Vila Calabi, com 16 sobrados, projetada na década de 1940 pelo arquiteto italiano Daniele Calabi, e as Casas Moya & Malfatti, que têm um par de sobrados edificados em 1941 pela firma de Antonio Garcia Moya e Guilherme Malfatti.

Com a decisão, as obras de demolição na Vila Liscio poderão ser retomadas. As residências na Vila Calabi e as Casas Moya & Malfatti não pertencem, hoje, a nenhuma incorporadora.

O advogado Arthur Badin, autor do pedido de tombamento ao Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) da prefeitura, prometeu recorrer da decisão do Conpresp.

Ele, que justifica o seu pedido por entender que a região da Mancha dos Bombeiros está sob risco iminente de destruição, não quis conceder entrevista nesta quinta.

Badin reforçou o seu pedido com um abaixo-assinado composto por mais de 2.500 assinaturas.

O advogado argumenta que a Vila Liscio é composta por "sobrados de estilo eclético moderado, projetados e construídos por Marchesini em 1934 (autor do já tombado Teatro São Pedro), por conta e ordem do empresário Liscio, proprietário das Indústrias Cama Patente L. Liscio S/A, fábrica moveleira que revolucionou a técnica, a produção, a distribuição e o consumo de bens industrializados no Brasil".

Nelson Lima Junior, coordenador do DPH e relator do caso, argumentou que as moradias da Vila Liscio não mais representam a forma de morar que se argumenta no pedido de tombamento apresentado pelo advogado Badin.

Segundo Lima Junior, as duas vilas, Calabi e Liscio, não possuem relação entre si nem unidade espacial e arquitetônica. "E o que está em pauta neste processo não é um estudo visando o tombamento de um conjunto de vilas, até mesmo porque as vilas mais representativas da cidade já se encontram protegidas pelo instrumento do tombamento", escreveu o responsável pelo DHP.

Com relação à Vila Calabi, o relator apontou que a área é fechada à população, sendo assim questionável o interesse coletivo na preservação.

No processo, Badin argumenta que o fechamento da calçada ocorre apenas entre as 22h e as 6h, como estabelecido em decreto municipal, e que nos demais horários os pedestres têm acesso livre.

Ao aprovar tombamento de quase 200 imóveis no perímetro conhecido como Mancha dos Bombeiros, o Conpresp diz que a região possui uma mancha com valores que justificam a sua preservação e de forma incontroversa.

São imóveis em vielas e ruas sem saída, como Álvaro de Menezes e Arabá, além das travessas Antonieta Medeiros, João Xavier de Oliveira e Vera de Oliveira Coutinho.


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