Vem aí o Estado Policial. Saiba os riscos que isso representa para você
Há uma enorme expectativa em torno do futuro do Brasil . E não é para menos: novo ano às portas, novo governo, combate à corrupção, nova proposta de inserção do país no cenário internacional. Mas o que ninguém está olhando é para o Estado Policial que vem sendo montado de forma explícita, sem reservas e suas implicações na vida dos cidadãos.
O ex-juiz Sérgio Moro, que notabilizou-se no combate ao esquema de corrupção que fatiou o Brasil no governo Lula, se presta ao papel de xerife de um governo liderado por um homem sobre o qual sabe-se quase tudo ou quase nada. Porque tudo o que disse na pré-campanha desmentiu ou negou durante o processo eleitoral. Mas seguramente é o radical que odeia as minorias e desenterra o fantasma de uma ideologia que já morreu com a queda do Muro de Berlim em 1989 e a vitória do capitalismo nos países que formavam a extinta União Soviética. Nem Cuba é mais comunista. Não no nível que tentam atribuir a um regime que tem dado sinais positivos de abertura.
Mas o risco de um Estado policial no Brasil, envolvendo exército, policias federal, militar e civil , milícias e ministério público é evidente. Com esse aparato será fácil transformar contestadores em comunistas, pessoas que prosperaram em corruptas. Não que não haja corruptos entre os que prosperaram, mas essa não é uma regra, é uma exceção.
O estado policial - que terá até o COAF ao seu dispor para bisbilhotar o que cada brasileiro está comprando ou gastando - geralmente busca a chancela do Judiciário para suas ações violentas.
E num país onde o Ministério Público não tem critérios para sustentar denúncias, fazendo-as em cima de delações nem sempre comprovadas, esse risco se torna potencialmente perigoso.
Cabe, portanto, ao Judiciário, o papel não de mero chancelador de pedidos de prisões, mas o último refugio de cidadãos que buscam guarida em um Poder que existe como contrapeso as ações nefastas do Executivo.
Os tempos serão outros e cabe ao Judiciário treinar melhor seus juízes. Ou se tornará parte de um brutal desmantelamento da democracia no Brasil.
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.